sábado, 30 de novembro de 2013

Spike lee e "Faça a coisa certa"

Essa minha fase de assistir, ler e filtrar tudo o que diz respeito ao cinema negro brasileiro me despertou uma vontade arrebatadora de subir um pouquinho para o território dos nossos irmãos norte-americanos, sobretudo, nossos irmãos afro-norte-americanos. É fato que a história de militância dos direitos civis do negro norte-americano é completamente diferente da história brasileira. Por isso, não vale a pena fazer aqui comparações sociais, muito menos, cinematográficas.


Mas dei um “google” em Spike Lee, o mais falado e polêmico cineasta afro-norte-americano por trincar, ao longo de sua carreira, temas sobre as questões raciais. Busquei a lista de filmes que ele escreveu e dirigiu, e muitas vezes também atuou no próprio filme, para começar minha saga “Spikeleeana”. Comecei por Faça a coisa certa, e acho que realmente comecei pelo filme certo.

Assista o filme aqui << http://vimeo.com/24908537 >>

Lee constrói o cenário ideal para se discutir as relações raciais de uma comunidade. O bairro: Brooklyn. A comunidade: italianos, coreanos, porto-riquenhos, e, majoritariamente, negros. O conflito: como todos os cidadãos de etnias e culturas diferentes dividem o mesmo espaço.

Busquei no dicionário Aurélio online o significado da palavra comunidade, que é o protagonista do filme. Comunidade: agrupamento social que se caracteriza por acentuada coesão baseada no consenso espontâneo dos indivíduos que o constituem. Perfeito, pelo o que eu entendi, é uma sociedade em comum que vive sob as mesmas regências e sob possível comunhão.

Voltemos ao filme. Brooklyn está em chamas, pedindo socorro. Os italianos que não suportam a presença dos negros. Os negros que não suportam a presença dos italianos, coreanos e porto-riquenhos. E todos se odiando e tendo sérias dificuldades de viver em comunhão. Isso me remete à colonização africana, onde os colonizadores dividiram as terras em espaços políticos, e uniram povos inimigos e separaram povos harmônicos. Resultado: guerra civil. Mas a grande sacada de Lee foi jogar a questão: Não podemos, então, viver harmonicamente e respeitando o outro?


De um lado a guerra, o ódio social e racial, o grito desesperado de socorro, como Buggin 'Out, que quer boicotar a pizzaria dos italianos porque no mural de celebridades não havia nenhum negro, sendo que os frequentadores do estabelecimento eram negros; e Radio Raheem que usa seu som como forma de militância e tenta combater os porto-riquenhos e, um dos personagens negros não se conforma com o fato de um coreano ter uma loja no bairro dele. Todo mundo parece ter uma causa para lutar, até mesmo Mookie (interpretado por Spike Lee), que trabalha na pizzaria dos italianos e, aparentemente, releva os preconceitos raciais ouvidos pelo filho do dono da pizzaria diariamente, e, ainda, ouve sempre de Buggin ‘Out “continue a ser negro”. Mas foi ele quem começa a saquear a pizzaria quando Raheem foi morto pelos policiais. Mas quem fecha o filme com todo o significado necessário para a trama ter sentido é o personagem gago, que até então aparecia só de passagem, sem grande peso. Quando a pizzaria está em chamas ele prega na parede uma foto de Martin Luther king Jr. ao lado de Malmcom X. Pegou a sacada? Martin Luther King era um pacifista, lutava apenas com discursos, palavras de amor. Já X era adepto do olho por olho e dente por dente. A mensagem é: “qual é a sua forma de lutar?”

Brilhante! Esse roteiro teria todo sentido se fosse rodado no Brasil, afinal, somos uma sociedade cheia de diversidade, cheia de etnias, valores, culturas. E também cheia de xenofobia, racismo, preconceitos. A diferença é que somos velados e vivemos aparentemente em harmonia. Mas e os corações?


Enfim, estou ansiosa para assistir Go Brazil Go!, próximo filme do Spike Lee que estreia em 2014 sobre o Brasil. O que eles nos reserva?


sábado, 31 de agosto de 2013

"Vista Minha Pele" e saberás...

Tardiamente tive a oportunidade de assistir ao curta de ficção de Joel Zito Araújo, "Vista Minha Pele", que com uma sacada bem elaborada questiona as relações e o tratamento do negro na sociedade brasileira. Não deveria ser surpresa, nem muito menos uma ideia genial, já que que conhece minimamente este país e como sua cultura vigente foi elaborada ao longo de séculos, já tem a noção de como as diferenças sociais e raciais são tratadas. Não se consegue lidar com as diferenças e muito menos respeitar as igualdades. 

Embora eu seja daquelas que vê o novo Brasil com bons olhos diante de todas as manifestações que tomam as ruas, todas as políticas públicas que tentam resgatar uma política que deveria ser pensada anteriormente e todos os movimentos negros e conscientizações que estão ganhando forças, eu não ignoro de forma alguma, nem mesmo fecho os olhos, sobre o preconceito racial ainda latente e, talvez, mais "sofisticado" que ainda domina nosso país.



Voltando ao filme, produção de 2003, temos a história invertida a tudo o que conhecemos: uma garota negra, de classe alta, numa boa escola, onde todo o sistema coloca a negritude em evidência na publicidade, nas novelas, nos melhores cargos, enfim, na dominância. Do outro, temos sua melhor amiga, Maria, branca, vítima de um preconceito da sociedade, moradora da periferia que está lutando dia após dia para ser aceita na escola, onde ocupa um lugar de bolsista. A reflexão sugerida por Joel foi: e se fosse ao contrário? E se os brancos tivessem sido os escravizados? E se os brancos fossem os marginalizados de todo o sistema brasileiro? E se hoje fossem os brancos os que estivessem lutando pela igualdade? A resposta é simples: "Vista a minha pele".

Esse filme vai de encontro com outro curta de ficção, mais recente, de Juliana Vicente, "Cores e Botas". Nele não há inversões de papeis, mas existe uma figura central que também luta dia após dia para ser aceita, mesmo sendo de classe média alta. No filme de Joel Zito, Maria quer ser a Miss Festa Junina, mas esse cargo só é ocupado pela menina negra mais popular do colégio anualmente. No filme de Juliana Vicente, a figura central, negra, quer ser a paquita de um concurso, mas para ser paquita, não poderia ser negra.



Dois filmes belíssimos para uma reflexão profunda. Encerro esse texto com os questionamentos de Maria na sua inversão de papéis:

"...Mas na verdade, depois de todas essas aventuras, algumas perguntas continuam me incomodando. Será que um dia a escola vai valorizar a diferença racial? Será que negros, brancos, índios e orientais vão ser tratatos em condições de igualdade? Será que um dia eu vou ver nos cartazes espalhados pela escola pessoas parecidas comigo? Será que os professores, um dia, vão contar que os brancos também construíram esse país? Será que encontraremos nos livros escolares imagens, história dos nossos avós? Será que a desigualdade racial vai deixar de ser um problema só para os brancos? às vezes eu acho que sim. Mas outras vezes eu acho que não. E você, o que você acha?"

quarta-feira, 24 de julho de 2013

CCBB-SP homenageia o primeiro negro a produzir filmes nos EUA



Divulgação
Cena do longa "Dentro de Nossas Portas", dirigido por Oscar Micheaux, que integra a programação da mostra com filmes do cineasta
Cena de "Dentro de Nossas Portas", dirigido por Oscar Micheaux, que integra a programação da mostra com filmes do cineasta
O Centro Cultural Banco do Brasil em São Paulo exibe a mostra "Oscar Micheaux - O Cinema Negro e a Segregação Racial" entre os dias 24 de julho e 5 de agosto. 

A mostra é uma homenagem ao escritor, diretor de cinema e ator norte-americano que foi um dos pioneiros a formar e abordar o negro dentro do cinema afro-americano. Durante os dias de mostra, serão exibidos cerca de 27 filmes dirigidos e/ou interpretados por Micheaux. O ingresso de cada sessão é de 4R$.

Sobre Micheaux

Entre as décadas de 1920 e 1950, Micheaux dirigiu 42 filmes, além de também ser roteirista, produtor, distribuidor e showman.
Ele foi um dos maiores produtores do cinema de baixíssimo orçamento produzido por e para negros nos EUA --chamados de "race pictures"-- durante o auge da segregação racial.

Programação
 PROGRAMAÇÃO COMPLETA DA MOSTRA:-
Quarta, dia 24
14h: "A Garota de Chicago"
16h: "O Exílio"
18h: "Swing!"
19h30: "Submundo"
Quinta, dia 25
14h: "Na Sombra de Hollywood"
16h: "Almas do Pecado"
18h: "Sombra da Meia-Noite"
19h30: "Assassinato no Harlem"
Sexta, dia 26
14h: "O Símbolo do Inconquistado"
16h: "Marchando!"
18h: "Gertie Indecente do Harlem"
19h30: "O Sangue de Jesus"
Sábado, dia 27
14h: "Dentro de Nossas Portas"
16h: "Milagre no Harlem"
18h: "A Garota no Quarto 20"
19h30: "Juke Joint"
Quarta, dia 31
14h: "Dez Minutos para Viver"
16h: "Lua sobre o Harlem"
18h: "O Sangue de Jesus"
19h30: "Corpo e Alma"
Quinta, dia 1º
14h: "Gertie Indecente do Harlem"
16h: "O Cantor de Jazz"
18h: "Os Filhos Adotivos de Deus"
19h30: "Imitação da Vida"
Sexta, dia 2
14h: "Swing!"
16h: "Uma Cabana no Céu"
18h: "Desce, Morte!"
19h30: "Aleluia!"
Sábado, dia 3
14h: "O Nascimento de uma Nação"
18h: "Dentro de Nossas Portas"
Domingo, dia 4
14h: "Juke Joint"
16h: "Corpo e Alma"
18h: "Magnólia"

Serviço

Centro Cultural Banco do Brasil
Rua Álvares Penteado, 112 - São Paulo - Centro.
Entrada: 4 R$

Fonte: http://bit.ly/134kLND

sexta-feira, 15 de março de 2013

Referência de documentário

Em quadro: A História de quatro negros

O documentário "Em quadro: A História de quatro negros", com argumento, roteiro e direção de Luiz Antonio Pilar, conta as trajetórias pessoal e profissional de quatro atores negros brasileiros, Léia Garcia, Milton Gonçalves, Ruth de Souza e Zezé Mota. O filme aborda, ainda, a questão do negro no cinema, televisão e teatro brasileiros, de forma a gerar uma discussão sobre qual o papel que os atores negros assumiram e vêem assumindo até hoje nos palcos e nas telas. 
Um filme muito bem dirigido e rico em conteúdo.

Clique no link abaixo para assistir:

sábado, 16 de fevereiro de 2013

Cenas selecionadas para análise (missão dada é missão cumprida!!!)

Eis aqui mais uma missão: selecionar as cenas a serem analisadas dos filmes que eu escolhi!

Também Somos Irmãos

Poderia analisar o filme inteiro e este por si só seria tema de Iniciação Científica ou TCC. Esta produção do Burle é muito ousada quando o assunto trata de racismo e preconceito. Burle explora as relações multirraciais, a desigualdade da criação entre os filhos negros e brancos adotados por um ricaço, o arquétipo de "negro de alma branca" e da malandragem, periferia e destinos.


O filme Também Somos Irmãos tem muitas cenas que serviriam para a análise, porém, apenas quatro foram selecionadas porque sintetizam todo o filme:

1) o velho Requião revela a Marta que Renato sente por ela mais do que amor fraternal. No portão, Marta conversa com Rento e diz que é um absurdo as suposições do tio, pois ele não pode se apaixonar por ela. Aqui temos a impossibilidade de relacionamentos inter-raciais, já que, de fato, os dois não concretizam o romance.

2) Renato fala sobre sua luta contra o preconceito racial. Mesmo Renato ser considerado “negro de alma branca”, ele tinha consciência social e das lutas dos negros no Brasil.

3) Altamiro questiona o que é liberdade dos negros. O personagem, também com consciência da situação do negro no Brasil, aborda um fato importante, que é até onde os negros conseguiram sua liberdade.

4) Altamiro questiona o “preto de alma branca”. Mais uma passagem de consciência do personagem principal, classificado como marginal no filme.

A Dupla do Barulho

Este filme é emblemático e retrata o branco se sobrepondo ao negro no campo profissional, mais do que isso, marca a consciência e orgulho ferido do profissional negro (Otelo) quando se revolta e cospe o que sente: por que tem que servir sempre de escada para Tonico (Oscarito)? Carlos Manga impactou e nos presenteou com essa cena linda que retrata a sociedade racista brasileira.


Neste filme, selecionei três cenas: 

1) Tião, na mesa de jantar, ofende Maria, uma mulata, de urubu. Em seguida, come feito um ser primitivo. Nessa cena temos o negro que comete o preconceito racial contra o próprio negro e, ainda, apresenta o negro como um ser selvagem.

2) Tião confessa que está cansado de ser explorado e servir de escada para ninguém. Aqui, temos o personagem que explode suas frustações ao ser deixado sempre em segundo plano, mesmo sendo um grande artista.

3) Enquanto Tonico está promissor com a carreira de ator no teatro e no cinema, Tião continua irresponsável, se afogando na bebida e acabando com a sua carreira.

Rio, Zona Norte

Aí vem Nelson Pereira dos Santos e nos traz várias sequências que mostram a vida cotidiana dos subúrbios, mas ele não vem cheio de estereótipos como o negro malandro, perdido na criminalidade... não! Pereira dos Santos vem com informação e denúncia. Ele fala dos sambistas que tentam conquistar um espaço na produção musical brasileira, mas são passados pra trás por empresários e gente de maior influência, faz referência à mulata, que quase branca, já conquistou um pedaço para a ascensão, fala das dificuldades da vida na favela para sobreviver com dignidade. Temos alguns personagens estereotipados, é certo, como a mulata boazuda e o favelado, mas essa é uma outra história...


Em Rio, Zona Norte, quatro cenas servirão como base para análises. São elas: 

1) O sambista Espírito Luz é passado para trás pelo antigo conhecido e artista de rádio, Maurício Silva, excluindo-o da autoria de seu próprio samba que foi gravado por outro artista. Essa passagem mostra a ingenuidade do sambista e a realidade de vários artistas populares que são renegados pelas gravadoras.

2) Lourival, filho de Espírito Luz, que entrou na criminalidade muito cedo, morre, jurado pelos amigos do crime. Aqui, temos o destino predestinado dos favelados e marginais – termos dado por Rodrigues, em O negro brasileiro e o cinema.

3) Espírito reage às promessas de Maurício, mostrando-se farto de ser enganado e sempre desfavorecido com a vida.

4) O sambista vai até a casa de Moacir, um compositor que promete lhe ajudar com suas canções, e é recebido, no primeiro momento, como um ser folclórico, chamando a atenção dos amigos brancos de Moacir. Depois, é ignorado e excluído pelos demais, restando-lhe ir embora.

Macunaíma

Chegamos na década de 60 com Joaquim Pedro. Temos a antropofagia, o inesperado, o no sense e a curiosa metamorfose do negro, preguiçoso, interiorano e feio para branco, bonito e preparado para encarar a cidade grande e vencer na vida.


Escolhi duas cenas chaves para analisar. São elas:

1) Macunaíma, quando bafora um cigarro e vira um príncipe branco; 

2) Macunaíma banha-se numa fonte transforma-se em um homem branco e bonito. Seu outro irmão, também negro, quer se banhar para transformar-se, mas a fonte seca. A namorada do irmão vai na mesma hora para os braços de Macunaíma, preferindo-o ao irmão. 

O próximo passo é saber o que há por trás de cada cena. Em breve mais notícias :D


terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Uma bibliografia de ponta!

Uma coisa importantíssima que eu aprendi na minha caminhada acadêmica foi reconhecer um livro bom. Sim! Existem vários truques que a gente pode usar para saber qual livro é ideal para você usar como embasamento teórico e não passar vexame quando o assunto é credibilidade.

A primeira coisa é correr direto para o índice bibliográfico e ver quais autores e obras o autor que você selecionou usou para escrever a pesquisa dele. Se o embasamento deste autor foi constituído por outros autores de excelência, pode ter certeza que será uma boa referência. Você pode até mesmo se inspirar na bibliografia dele para montar a sua. Não tem erro.

Depois, leia o sumário. É importante saber quais assuntos aquele autor trata na obra. E aí, leia a introdução. Realizando as disciplinas de Metodologia para Pesquisa e TCC I, estou desmistificando o processo de uma pesquisa acadêmica e, nesses estudos, com o apoio de textos de Santaella, descobri que a introdução é um dos momentos mais importantes, porque é nela que você vai dar o gostinho para o leitor querer ler sua obra até o fim. Na introdução tem argumentos chaves para tornar sua pesquisa atraente para o leitor. Então, use-a sempre.

Foi assim que criei minha bibliografia para a IC. Lendo muitas outras bibliografias, sumários e introduções. Dê uma olhadinha na bibliografia de ponta que eu criei para o trabalho "A caracterização do negro no cinema brasileiro - uma análise a partir de Grande Otelo":

ARAUJO, Joel Zito Almeida de. A Negação do Brasil – O Negro na Telenovela Brasileira. São Paulo: Senac, 2000.

AUGUSTO, Sérgio. Este mundo é um pandeiro – A chanchada de Getúlio a JK. São Paulo, Cinemateca Brasileira/Companhia das Letras, 1989

AZEVEDO, Eliane. Raça: conceito e preconceito. São Paulo: Ática, 1987

CABRAL, Sérgio. Grande Otelo – uma biografia. São Paulo, Editora 34, 2007

CARVALHO, Noel dos Santos (2005). “Introdução”. In: De, Jeferson. Dogma feijoada – O cinema negro brasileiro. São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo: Cultura – Fundação Padre Anchieta, 2005.

LOPEZ, Helena Theodoro e outros. Negro e cultura no Brasil. Rio de Janeiro, Unibrade/Unesco, 1987

RAMOS, Fernão. História do Cinema Brasileiro. São Paulo, Art Editora Ltda., 1987

RODRIGUES, João Carlos. O negro brasileiro e o cinema. Rio de Janeiro: Pallas, 2001

SKIDMORE, Thomas E. Preto no branco: raça e nacionalidade no pensamento brasileiro. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1989.

Cada uma dessas bibliografias dão conta do campo de atuação da pesquisa (comunicação, mídia, cinema) e ainda, nos campos de história e sociologia.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Alguns cineastas e roteiristas

Nomes importantes podem ser citados na história do cinema, que quebraram o tabu quando o tema era "racismo". Esse post destaca pequenas biografias dos cineastas dos filmes analisados na minha IC. São eles: José Carlos Burle, Carlos Manga, Nelson Pereira dos Santos e Joaquim Pedro de Andrade

José Carlos Burle

José Carlos Burle (1910 -1983), carioca, foidiretor, produtor, roteirista e montador do cinema brasileiro. Burle fundou em 1941, ao lado de  Alinor Azevedo, o cinegrafista Edgar Brasil, o técnico de som e ator Moacyr Fenelon, e o Conde Pereira Carneiro, a Atlântida Companhia Cinematográfica do Brasil S/A. A Atlântida foi responsável por grande parte dos números musicais e comédias, chamadas chanchadas, realizadas entre as décadas de 40 e 50. Além das chanchadas, a Atlântida também produzia filmes de caráter sérios, abordando o Brasil a partir de seus aspectos sociais.

Seu primeiro filme foi Moleque Tião (1943), produzido pela Atlântida, que deu o ponta pé para a Companhia ganhar aceitação. Moleque Tião foi inspirado na vida de Grande Otelo, um moleque negro que sonhava com a ascensão artística.

Burle foi um dos primeiros cineastas a falar de frente sobre o racismo, isso fica claro na produção Também Somos Irmãos (1949), em que trata das relações afetivas multirraciais e das questões de negritude.

Carlos Manga

Carlos Manga iniciou sua carreira no cinema muito jovem, com seus 20 e poucos anos. Foi o ator Cyll Farney que o levou para a Atlântida, onde o futuro cineasta passou por uma série de funções dentro do cinema: foi assistente de contra-regra, ajudante de maquinista, vigia de almoxarifado e outras.

Manga também teve algumas influências que o impulsionaram para a carreira de cineasta, e o ajudaram a definir seu estilo, foram José Carlos burle e Watson Macedo.

Em 1953 Manga realiza seu primeiro filme como diretor, A Dupla do Barulho. Esta produção foi um tiro certeiro para Manga se consagrar, ele aprimorou sua estética influenciada no cinema hollywoodiano e abordou  questões raciais , sempre preocupado com temas de reflexão da sociedade brasileira.
Nelson Pereira dos Santos

Nelson Pereira dos Santos começou no Brasil no final da década de 50, que anos mais tarde se chamaria: Cinema Novo. Duas produções foram pioneiras desse novo gênero: Rio, 40 graus (1955) e Rio, Zona Norte (1957).

Em ambos filmes, se encontra um cinema que se aproximava do povo, a temática em torno das classes subalternas: preto e favelado, trabalhador, sambista, em contraste com as classes dominantes: branco e poder.

Esse cinema preocupado em retratar o popular é influência do cinema que estava acontecendo na Itália e na França: neo-realista italiano e Nouvelle Vague francesa que explorava as classes desfavorecidas e suas dificuldades de inserção na sociedade.

Joaquim Pedro de Andrade

Joaquim Pedro de Andrade começou no cinema na década de 50.Seu contato com a sétima arte se deu ainda na faculdade, quando currsava Física, participando das sessões e discussões do cineclube.


Uma das suas produções mais significativas foi Macunaíma, uma adaptação do clássico homônimo de Mário de Andrade, de 1928.

sábado, 5 de janeiro de 2013

Ficha Técnica - Filmes para IC

Também Somos Irmãos (1949)
Direção de José Carlos Burle
Roteiro de Alinor Azevedo
Com Vera Nunes, Aguinado Carmargo, Jorge Dória, Ruth de Souza, Aguinaldo Raiol, Sérgio de Oliveira, Jorge Goulart.

A Dupla do Barulho (Atlântida - 1953)
Direção de Carlos Manga.
Roteiro de Vitor Lima e Carlos Manga
Com Oscarito, Edite Morel, Mara Abrantes, Renato Restier, Wilson Grey, Madame Lou, Átila Iório, Ambrósio Fregolene
 
           Rio, Zona Norte (1957)
Direção e roteiro de Nelson Pereira dos Santos
Com Malu, Jece Valadão, Paulo Goulart, Ângela Maria, Haroldo de Oliveira, Édson Vitoriano, Iracema Vitória, Zé Kéti.

Macunaíma (1969)
Direção e roteiro de Joaquim Pedro de Andrade
Com Paulo José, Diná Sfat, Milton Gonçalves, Rodolfo Arena, Jardel Filho, Joana Fomm, Maria do Rosário, Rafael de Carvalho, Wilza Carla, Zezé Macedo