sábado, 16 de fevereiro de 2013

Cenas selecionadas para análise (missão dada é missão cumprida!!!)

Eis aqui mais uma missão: selecionar as cenas a serem analisadas dos filmes que eu escolhi!

Também Somos Irmãos

Poderia analisar o filme inteiro e este por si só seria tema de Iniciação Científica ou TCC. Esta produção do Burle é muito ousada quando o assunto trata de racismo e preconceito. Burle explora as relações multirraciais, a desigualdade da criação entre os filhos negros e brancos adotados por um ricaço, o arquétipo de "negro de alma branca" e da malandragem, periferia e destinos.


O filme Também Somos Irmãos tem muitas cenas que serviriam para a análise, porém, apenas quatro foram selecionadas porque sintetizam todo o filme:

1) o velho Requião revela a Marta que Renato sente por ela mais do que amor fraternal. No portão, Marta conversa com Rento e diz que é um absurdo as suposições do tio, pois ele não pode se apaixonar por ela. Aqui temos a impossibilidade de relacionamentos inter-raciais, já que, de fato, os dois não concretizam o romance.

2) Renato fala sobre sua luta contra o preconceito racial. Mesmo Renato ser considerado “negro de alma branca”, ele tinha consciência social e das lutas dos negros no Brasil.

3) Altamiro questiona o que é liberdade dos negros. O personagem, também com consciência da situação do negro no Brasil, aborda um fato importante, que é até onde os negros conseguiram sua liberdade.

4) Altamiro questiona o “preto de alma branca”. Mais uma passagem de consciência do personagem principal, classificado como marginal no filme.

A Dupla do Barulho

Este filme é emblemático e retrata o branco se sobrepondo ao negro no campo profissional, mais do que isso, marca a consciência e orgulho ferido do profissional negro (Otelo) quando se revolta e cospe o que sente: por que tem que servir sempre de escada para Tonico (Oscarito)? Carlos Manga impactou e nos presenteou com essa cena linda que retrata a sociedade racista brasileira.


Neste filme, selecionei três cenas: 

1) Tião, na mesa de jantar, ofende Maria, uma mulata, de urubu. Em seguida, come feito um ser primitivo. Nessa cena temos o negro que comete o preconceito racial contra o próprio negro e, ainda, apresenta o negro como um ser selvagem.

2) Tião confessa que está cansado de ser explorado e servir de escada para ninguém. Aqui, temos o personagem que explode suas frustações ao ser deixado sempre em segundo plano, mesmo sendo um grande artista.

3) Enquanto Tonico está promissor com a carreira de ator no teatro e no cinema, Tião continua irresponsável, se afogando na bebida e acabando com a sua carreira.

Rio, Zona Norte

Aí vem Nelson Pereira dos Santos e nos traz várias sequências que mostram a vida cotidiana dos subúrbios, mas ele não vem cheio de estereótipos como o negro malandro, perdido na criminalidade... não! Pereira dos Santos vem com informação e denúncia. Ele fala dos sambistas que tentam conquistar um espaço na produção musical brasileira, mas são passados pra trás por empresários e gente de maior influência, faz referência à mulata, que quase branca, já conquistou um pedaço para a ascensão, fala das dificuldades da vida na favela para sobreviver com dignidade. Temos alguns personagens estereotipados, é certo, como a mulata boazuda e o favelado, mas essa é uma outra história...


Em Rio, Zona Norte, quatro cenas servirão como base para análises. São elas: 

1) O sambista Espírito Luz é passado para trás pelo antigo conhecido e artista de rádio, Maurício Silva, excluindo-o da autoria de seu próprio samba que foi gravado por outro artista. Essa passagem mostra a ingenuidade do sambista e a realidade de vários artistas populares que são renegados pelas gravadoras.

2) Lourival, filho de Espírito Luz, que entrou na criminalidade muito cedo, morre, jurado pelos amigos do crime. Aqui, temos o destino predestinado dos favelados e marginais – termos dado por Rodrigues, em O negro brasileiro e o cinema.

3) Espírito reage às promessas de Maurício, mostrando-se farto de ser enganado e sempre desfavorecido com a vida.

4) O sambista vai até a casa de Moacir, um compositor que promete lhe ajudar com suas canções, e é recebido, no primeiro momento, como um ser folclórico, chamando a atenção dos amigos brancos de Moacir. Depois, é ignorado e excluído pelos demais, restando-lhe ir embora.

Macunaíma

Chegamos na década de 60 com Joaquim Pedro. Temos a antropofagia, o inesperado, o no sense e a curiosa metamorfose do negro, preguiçoso, interiorano e feio para branco, bonito e preparado para encarar a cidade grande e vencer na vida.


Escolhi duas cenas chaves para analisar. São elas:

1) Macunaíma, quando bafora um cigarro e vira um príncipe branco; 

2) Macunaíma banha-se numa fonte transforma-se em um homem branco e bonito. Seu outro irmão, também negro, quer se banhar para transformar-se, mas a fonte seca. A namorada do irmão vai na mesma hora para os braços de Macunaíma, preferindo-o ao irmão. 

O próximo passo é saber o que há por trás de cada cena. Em breve mais notícias :D


terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Uma bibliografia de ponta!

Uma coisa importantíssima que eu aprendi na minha caminhada acadêmica foi reconhecer um livro bom. Sim! Existem vários truques que a gente pode usar para saber qual livro é ideal para você usar como embasamento teórico e não passar vexame quando o assunto é credibilidade.

A primeira coisa é correr direto para o índice bibliográfico e ver quais autores e obras o autor que você selecionou usou para escrever a pesquisa dele. Se o embasamento deste autor foi constituído por outros autores de excelência, pode ter certeza que será uma boa referência. Você pode até mesmo se inspirar na bibliografia dele para montar a sua. Não tem erro.

Depois, leia o sumário. É importante saber quais assuntos aquele autor trata na obra. E aí, leia a introdução. Realizando as disciplinas de Metodologia para Pesquisa e TCC I, estou desmistificando o processo de uma pesquisa acadêmica e, nesses estudos, com o apoio de textos de Santaella, descobri que a introdução é um dos momentos mais importantes, porque é nela que você vai dar o gostinho para o leitor querer ler sua obra até o fim. Na introdução tem argumentos chaves para tornar sua pesquisa atraente para o leitor. Então, use-a sempre.

Foi assim que criei minha bibliografia para a IC. Lendo muitas outras bibliografias, sumários e introduções. Dê uma olhadinha na bibliografia de ponta que eu criei para o trabalho "A caracterização do negro no cinema brasileiro - uma análise a partir de Grande Otelo":

ARAUJO, Joel Zito Almeida de. A Negação do Brasil – O Negro na Telenovela Brasileira. São Paulo: Senac, 2000.

AUGUSTO, Sérgio. Este mundo é um pandeiro – A chanchada de Getúlio a JK. São Paulo, Cinemateca Brasileira/Companhia das Letras, 1989

AZEVEDO, Eliane. Raça: conceito e preconceito. São Paulo: Ática, 1987

CABRAL, Sérgio. Grande Otelo – uma biografia. São Paulo, Editora 34, 2007

CARVALHO, Noel dos Santos (2005). “Introdução”. In: De, Jeferson. Dogma feijoada – O cinema negro brasileiro. São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo: Cultura – Fundação Padre Anchieta, 2005.

LOPEZ, Helena Theodoro e outros. Negro e cultura no Brasil. Rio de Janeiro, Unibrade/Unesco, 1987

RAMOS, Fernão. História do Cinema Brasileiro. São Paulo, Art Editora Ltda., 1987

RODRIGUES, João Carlos. O negro brasileiro e o cinema. Rio de Janeiro: Pallas, 2001

SKIDMORE, Thomas E. Preto no branco: raça e nacionalidade no pensamento brasileiro. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1989.

Cada uma dessas bibliografias dão conta do campo de atuação da pesquisa (comunicação, mídia, cinema) e ainda, nos campos de história e sociologia.